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Tu vois je suis Dieu
"Tu vois je suis Dieu" (1998/9) , é uma instalação composta por desenhos fotocopiados sobre papel.
Foi apresentada, pela primeira vez, em 1999 na exposição Quarto Interior, comissariada por Paulo Mendes, no âmbito do projecto W.C. Container, no Porto; e em 2000 na exposição NonStopOpening, organizada por Nuno Alexandre Ferreira e Vasco Araújo, na ZDB em Lisboa.
Comecei a trabalhar em "Tu vois je suis Dieu" na época do primeiro referendo à interrupção voluntária da gravidez (1997). Ainda estudante na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, ia almoçar muitas vezes às "freiras" - um refeitório gerido por religiosas com comida a preços económicos e uma vista deslumbrante sobre o Rio Tejo. Num desses almoços trouxe comigo um livrinho de propaganda anti-aborto intitulado "Não Matem o Zézinho". A edição continha ilustrações quase grotescas e textos com um cariz falsamente didático e a roçar o absurdo. Na mesma altura tinham-me emprestado um livro de manga japonesa, e comecei a cruzar esses dois universos criando situações de dilemas lógicos, morais e éticos. O título "Tu vois je suis Dieu", é uma frase da Madame Edwarda de George Bataille, quando ela abre as pernas e mostra a sua vulva ao narrador.