Alípio Padilha
Bruno Lopes
Alípio Padilha
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Alípio Padilha
Alípio Padilha
Alípio Padilha
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A bedtime story [Covid-19]
2020
A bedtime story [Covid-19]
Instalação criada para a exposição colectiva Fazer de casa labirinto
Impressões sobre papel, vídeo em monitor lcd, vídeo em tela de projecção, pontos de iluminação, plantas e tapetes
Com Carla Cabanas, Fernão Cruz, Gisela Casimiro, Henrique Pavão, Horácio Frutuoso, Mané Pacheco, Nuno Nunes-Ferreira, Sara Mealha, Susana Mendes Silva
Curadoria de Ana Cristina Cachola e Sérgio Fazenda Rodrigues
Balcony Gallery, Lisboa

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Carta de Diogo Sottomayor
Projecção de slides
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Agradecimentos muito especiais a
Diogo Sottomayor, Francisco Queirós, Joana Bernardo, Lara Boticário Morais, Nuno Alvarez, Nuno Soares, Tílias-Coop (pelo maravilhoso projecto de inserção e pelas plantas) e também a Ana Anacleto, Arte Capital, Beatriz Medori e Marta Espiridião


Fazer de casa labirinto

Da mitologia ao entretenimento lúdico, o labirinto assume-se, desde há séculos, enquanto tropo fundamental da (sobre)vivência humana e não humana. Jogo, desafio, organização,  desorganização,  tentativa,  erro,  desespero,  clausura,  saída,  solução,  superação.  Este  universo  semântico,  irremediavelmente  paradoxal,  é,  sem  dúvida,  tomado  de  empréstimo  à  vasta  cultura  que  o  labirinto,  e  a  sua  representação,  da  literatura ao cinema, ajudou a criar. O mesmo léxico, nas suas intenções enunciativas, performativas e afectivas, tem sido recorrente e necessário para discutir e discernir a pandemia Covid-19.
Fazer  de  Casa  Labirinto  é  um  projeto  transdisciplinar  que  agrega  artistas  com  diferentes percursos, formas de expressão e faixas etárias que trata esta sobreposição e  coincidência.  O  projecto  parte  de  uma  exposição  que  entre  Julho  e  Setembro  de  2020 se apresenta na galeria Balcony, e culmina com a publicação de um livro que, de igual  forma,  desenvolve  uma  reflexão  em  torno  da  mudança  das  relações  e  da  modificação da vivência do espaço, entendido em sentido lato, ocorridas em tempo de pandemia.
As características desta crise inédita que se manifestou (e ainda manifesta), com diferentes impactos à escala global, levaram à transformação da nossa ligação com o mundo, à emergência (e urgência) de uma nova visualidade e de uma outra adaptação ao meio. Essa transformação, seja ela pensada numa esfera pessoal, na relação com o corpo e a sua proximidade, ou numa esfera conjunta, na relação com o outro e o seu distanciamento, alarga-se do espectro familiar ao âmbito comunitário, ou colectivo. Os códigos e entendimentos pelos quais nos regemos encontram-se hoje em mudança, e a   forma   como   pensamos,   comunicamos   e   agimos   reflecte   um   mundo   em   transformação.
A  exposição  apresenta  um  grupo  de  obras  desenvolvidas  em  torno  desta  problemática e articula o modo como a arte contemporânea aborda um conjunto de modificações, pensando o espaço, do psicológico ao urbano, em tempos de pandemia e  (des)confinamento,  para  refletir  sobre  a  alteração  de  padrões  de  relacionamento,  como  o  distanciamento  social,  as  restrições  de  mobilidade,  e  as  experiências  individuais e coletivas.
Se obras como as de Fernão Cruz e Horácio Frutuoso exploram a reflexão pessoal e  a  relação  com  o  corpo  na  evocação  auto-retratística,  trabalhos  como  os  de  Sara  Mealha   e   Henrique   Pavão   abordam   o   espaço   do   colectivo,   enquanto   lugar   irremediavelmente  suspenso,  e  o  modo  como  a  sua  vivência  e  a  interacção  com  a  comunidade  ocorre.  Obras  como  as  de  Gisela  Casimiro  e  Nuno  Nunes  Ferreira,  centram-se  em  novas  relações  de  grupo,  da  esfera  laboral  às  possibilidades  de  vizinhança, ou à partilha de informação, a sua reinvenção e efectivação. Carla Cabanas, Mané Pacheco e Susana Mendes Silva exploram um universo doméstico, e pessoal, que problematiza  questões  associadas  à  memória,  ao  uso,  ao  trabalho  e  à  sobrecarga  laboral das mulheres.
No  seu  conjunto,  a  exposição  apresenta  uma  sobreposição  de  abordagens  que  espelha  a  complexidade  das  relações  que  se  (re)constroem  depois  da  viragem  pandémica e o modo cruzado como elas concorrem para aproximações especulativas a uma realidade em metamorfose constante. Fazer de casa labirinto é um fazer diário, hoje mais do que nunca.

Ana Cristina Cachola e Sérgio Fazenda Rodrigues
Julho de 2020

Balcony Contemporary Art Gallery
Apoio da Câmara Municipal de Lisboa / Fundo de Emergência Social - Cultura